sábado, 18 de outubro de 2014

Visita Ilustre- entrevista

 


O Espaço do Conhecimento UFMG recebeu na última semana a visita da artista Arissana Braz. Natural e residente do estado da Bahia, a pataxó tem um dos seus quadros expostos na ¡MIRA! – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, e nesta visita ao museu pôde conferir o resultado da exposição pela primeira vez. Em uma conversa rápida com o núcleo de Comunicação do Espaço do Conhecimento, Arissana falou sobre seu trabalho e sua experiência no museu.
– Como foi visitar pela primeira vez a ¡MIRA!?
Foi muito bom! Acredito que um trabalho como este é inédito, não vi uma exposição que juntasse tantos artistas indígenas – e de vários países. A ¡MIRA! é mesmo bem inovadora nesse sentido: traz uma diversidade muito grande e mostra que os povos indígenas, além de usarem técnicas artísticas milenares, técnicas dos ancestrais, usam também a tecnologia. Não posso falar pelos outros, mas acredito que, como eu, muitos dos artistas também tenham o propósito de refletir sobre o mundo contemporâneo em que os povos indígenas estão inseridos. Em trazer à tona a memória do seu povo, a história, os mitos, os sonhos, a filosofia e a estética. Nisso, cada obra é bem própria…
Arissana Braz posa ao lado de sua obra na exposição ¡MIRA! – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas
– Quais são os locais em que a arte contemporânea indígena tem ganhado mais espaço?
Isso vai depender muito do esforço do indígena. Poucas pessoas têm a mesma atitude de Inês [Maria Inês de Almeida, curadora da exposição]. Aí vai muito do artista, do esforço de cada um para se inserir, participar de editais para publicação ou seleção de obras em exposições, em salões, bienais. A maioria das exposições que eu fiz foi me inscrevendo, montando a exposição sozinha. Claro, sempre contei com a ajuda de algumas pessoas, mas sempre partiu de mim a vontade de montar a exposição, de correr atrás do espaço. Se você não procura ninguém vai ceder, ninguém vai saber que você quer expor. Não é um trabalho fácil, em que você possa ficar em casa esperando as pessoas te convidarem. Se quiser mostrar tem que ficar de olho para achar parceiros para contribuir, para conseguir recursos.
– Você pode nos falar um pouco da história do seu quadro que está na exposição?
Na verdade, não tem muita história (risos)… É uma prima minha. Quando eu desenho a figura humana o meu objetivo é justamente trazer o retrato do povo pataxó, trazer à tona esse povo que às vezes não é visto. Seja os gestos, o jeito de sorrir, a fisionomia… Quando eu exponho essas figuras humanas meu objetivo é mostrar a cara desse povo, cara no sentido de rosto, mesmo. Mostrar que é um povo diferente mas, que de certa forma, é igual às outras pessoas. Que é um povo que vive, não está no passado, não está morto. Eu poderia muito bem pintar obras que não estão relacionadas aos povos indígenas, mas quando faço essa opção eu busco que as pessoas conheçam o povo pataxó, conheçam a realidade indígena e se interessem, queiram saber mais. Nesse sentido minha obra tem o objetivo de funcionar como uma porta. E quando você expõe o seu povo você faz com que as pessoas tenham interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre ele. Se aprofundando, elas passam a conhecer. Conhecendo, aos poucos esse estereótipo que muita gente traz sobre os indígenas é quebrado.

domingo, 7 de setembro de 2014

Mira - Entrevista

Exposição Mira apresenta obras de arte contemporânea indígena

Estilo vem ganhando cada vez mais espaço em museus do Brasil e no exterior             


 Cotidiano da comunidade indígena é forte fonte de inspiração para as obras reunidas na exposição Mira (Foto: Reprodução)

Na exposição Mira, "Olhe" em espanhol, estão presentes obras feitas por artistas de descendência indígena. Pinturas, fotos, desenhos, esculturas e bordados: todos compostos sem economia na combinações de cores, como o quadro de 2 metros da mulher arco-íris ou as representações entalhadas na madeira de uma aldeia.
 Com uma seleção de 54 artistas, neste encontro proposto pela exposição estão traços de 5 países: Brasil, Bolívia, Equador, Peru e Colômbia. Um dos quadros, o retrato de uma menina pataxó, chamou a atenção da curadora, Maria Inês de Almeida:
- Desde o primeiro momento que vi, me lembrei da Monalisa, conta.
A pintura em questão retrata a prima da artista plástica Arissana Bonfim, indígena da comunidadede Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Cabrália (BA). Sobre seu processo criativo, Arissana diz:
 - É um trabalho de fazer e refazer. Eu começo a pintar de repente: coloco uma cor, não quero e jogo outra cor por cima e é um trabalho assim, incansável, pois parece que a obra nunca vai ficar pronta, explica.
Sobre a formação artística, que lhe permitiu juntar conhecimento tradicional indígena e técnicas de arte contemporânea, Arissana completa:
- A faculdade contribuiu muito. Pude aperfeiçoar meu talento, aprimorei mais o desenho da figura humana, pude conhecer outros artistas, outros trabalhos e aprender novas técnicas também, como vídeo e outros trabalhos que pude realizar.


Para assistir ao vídeo da  reportagem acesse: http://redeglobo.globo.com/como-sera/videos/t/edicoes/v/exposicao-mira-apresenta-elementos-do-cotidiano-dos-indios/3610812/

Fonte:   http://redeglobo.globo.com/como-sera/noticia/2014/09/exposicao-mira-apresenta-obras-de-arte-contemporanea-indigena.html

sábado, 22 de março de 2014

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A EXPOSIÇÃO ITINERANTE MIRA ESTÁ EM BRASÍLIA

¡Mira! - Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas


Uma oportunidade do público da capital conhecer o pensamento e a perspectiva indígena em meio às artes visuais contemporâneas, mostra fica em cartaz até 02 de fevereiro.
Formas, cores e ideias dos povos originários da América do Sul compõem a exposição ¡Mira! – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, está em cartaz nas galerias da Casa da Cultura da América Latina (CAL) da Universidade de Brasília (UnB). A mostra reúne pela primeira vez no país pinturas, desenhos, cerâmicas, esculturas, vídeos e fotografias de artistas indígenas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
Idealizada e lançada no Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, em junho deste ano, a exposição tem a proposta de trazer ao público as novas estéticas dos povos ameríndios, em que os autores produzem arte aliando saber tradicional às modernas tecnologias. 
“As artes visuais que alguns indígenas estão fazendo, expondo e vendendo, entram em nosso mercado, na cidade grande, como objetos e signos de outras realidades”, explica Maria Inês de Almeida, curadora e coordenadora da exposição. “O que difere suas peças dos objetos e signos tradicionais, frutos da cultura oral, são a tensão e a perturbação, algo que um indivíduo é capaz de expressar quando vê o mundo de longe”, completa.
“A produção simbólica do povo Aymara traz consigo uma enorme carga de conhecimento, de saberes, de tradições, que foram sendo transmitidos através de distintas linguagens artísticas e distintos suportes. Meu trabalho é  retransmissão do conhecimento utilizando como suporte a linguagem visual como a pintura”, explica Dennys Huanca, artista do povo indígena Aymara, que vive nos Andes da Bolívia.
O projeto partiu do Núcleo de Pesquisas Literaterras da UFMG, dedicado à literatura feita por autores indígenas, e é resultado de uma pesquisa realizada por uma equipe formada por antropólogos, comunicadores e indigenistas, que percorreu milhares de quilômetros em busca da arte indígena latino-americana. Foram levantadas mais de 300 obras. Depois, um conselho curador, composto por especialistas em artes visuais, escolheu mais de 100 obras de artistas de diferentes etnias.
Em Belo Horizonte, a exposição foi dividida em três núcleos: Cosmovisões , Paisagens e História e violência. “Indígenas vivendo de arte é novidade até nas aldeias”, observa Maria Inês. “Se na Semana de Arte Moderna de 1922 vimos artistas brancos antropofagizando a arte indígena, agora criadores indígenas fazem o mesmo com estéticas de outras culturas”, explica.
Na busca pelo diálogo intercultural, e através de múltiplas linguagens, a exposição promove o intercâmbio entre as novas experiências artísticas desenvolvidas pelos povos indígenas da América do Sul. “A Mira é um encontro que enriquece a minha experiência artística como também me faz conhecer e aprender sobre as outras culturas”, conta Brus Rubio, artista da etnia Bora-Huitoto do Peru.
O evento é uma realização do  Centro Cultural da UFMG, Decanato de Extensão e Casa da Cultura da América Latina. A mostra ficará em cartaz em Brasília até 02 de fevereiro de 2014. 
Serviço
¡Mira! – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas
Visitação: até 2 de fevereiro de 2014, todos os dias das 9h às 18h
Local: Galerias Acervo, CAL e de Bolso da CAL (SCS Quadra 4, Edifício Anápolis).Telefone: 61 3321.5811
Entrada franca
Classificação livre
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília